Os 13 Porquês

05/07/2011 19:55

Este livro é um tanto comum e um tanto diferente.

Vamos começar pela base do enredo: uma adolescente que se suicida mas decide, antes disso, gravar em fitas cassete os treze motivos que a levaram a tomar esta decisão; daí o nome da obra.

Você acompanha Clay Jensen, contando no presente e em 1ª pessoa, enquanto ele encontra na porta de sua casa uma caixa com sete fitas cassete dentro. Cada uma está marcada com um número diferente nos dois lados; exceto a última, que tem somente um “13” em um dos lados. Ele coloca a primeira para tocar e ouve a voz de Hannah Baker, uma garota morta já há alguns dias, dizendo que cada fita contava um porquê de seu suicídio, e que cada pessoa que as recebera estava, de alguma forma, relacionada à ele.

A premissa é interessante. Ao começar a leitura, porém, o clima quase completamente adolescente da história é um pouco desanimador, e é nisso que o livro se torna parecido com muitos outros. Apesar disso, a narrativa rápida e original faz com que o leitor continue. Original como?

Cada capítulo é um número. “Fita 1: Lado A” e assim por diante. Em itálico, Hannah conta sua história, ao mesmo tempo em que é registrado os atos e pensamentos de Clay, frases intercaladas umas nas outras. Os símbolos de pause, play e pare nos dizem quando Clay apertou os respectivos botões e quando a narrativa é somente dele. Geralmente, em livros com diferentes pontos de vista, vemos as reações de outras personagens em capítulos dedicados a elas. Nesse caso, vemos as reações de Clay juntamente com a história de Hannah. E, ao contrário do que se pode pensar, isso não deixou o livro confuso.

O clima adolescente quase nunca abandona a narrativa, apesar de ficar mais fraco conforme a história vai ficando mais pesada. Há sempre uma lembrança de piadas de escola, brincadeiras estúpidas, esse tipo de coisa. Mas quando é Hannah que fala sobre isso — e não Clay em pensamentos —, a coisa acaba se tornando mais interessante, pois ela tem uma perspectiva de quem analisou tudo e já sabe que vai desistir.

Resumindo o que está por trás do livro: um aviso. É quase um manual disfarçado, um manual para identificar um possível suicida. Mostra como pequenas coisas podem formar uma teia gigante; ou, como Hannah gostava de chamar, uma bola de neve, que começa com algo sem muita importância e acaba ganhando velocidade.

O que começou a bola de neve de Hannah? Um boato. Daqueles boatos que circulam por escolas. Mas não parou por aí.

O livro também mostra como as pessoas têm efeito na vida umas das outras. Você pode dizer algo totalmente aleatório para alguém, e esse alguém ver um significado nisso. Você pode melhorar o dia de alguém, simplesmente conversando com esta pessoa. Ou pode ignorá-la, como todos fazem, e deixar que ela se afunda.

No fim das contas, você se pergunta: está fazendo algo para impedir? Ou, se for você quem deve ser impedido, está mostrando que precisa de ajuda? Não está escondendo tão bem que ninguém tem como saber que há algo errado?

O livro me surpreendeu e eu o recomendo. Pela história, sim, pois devo admitir que me apeguei à Hannah e não queria aceitar que ela já estava morta. Mas principalmente para parar um pouco para pensar sobre isso. Não importa tanto o que a pessoa passou, e sim seu equilíbrio emocional. Alguns são fortes, outros não. Outros desistem. Simples assim. É fácil julgá-los por serem, supostamente, fracos. Mas nem tanto se você pensa nos sentimentos mais que nos acontecimentos.

 

Personagens +

Hannah Baker

Clay Jensen

Tony

 

 

Personagens –

Bryce Walker

Courtney Crimsen

Alex Standall

Justin Foley

 

Não pude marcar minhas frases favoritas porque o livro foi emprestado. Mas achei algo muito interessante e, bem, até um pouco assustador. Alguém gravou as fitas! Depois de ler o livro passe por esse canal no Youtube e ouça a voz de Hannah Baker contando tudo que você leu (em inglês). Fizeram até um fita 14, com o que seria Clay falando. Muito bom. ;)

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