O Coruja
O livro conta a história de André, o Coruja, desde sua infância sem pais até sua velhice, enquanto também acompanha a vida de seu amigo Teobaldo.
Este livro é um tanto diferente de alguns outros, pois, sem contar com as personagens principais, ele não mantém um foco; ou seja, não há um acontecimento único que move toda a história. É simplesmente a vida de André e de Teobaldo, seguindo uma linha imprevisível. Se no início da leitura você simpatiza com os dois garotos excluídos da escola — por motivos completamente diferentes, diga-se de passagem —, já na metade você os observa com trinta anos e enrolados em uma outra vida, em muitas outras personagens.
Os pontos abordados no livro são bem claros: ideais de casamento, diferenças entre classes sociais, pré-conceitos e uma análise do comportamento humano, entre tantos outros problemas mais fracos, porém freqüentes, da realidade brasileira oitocentista.
É uma boa leitura. Em vários momentos pode fazer o leitor refletir sobre a sociedade e sobre si mesmo, além de dar uma boa visão geral da época narrada. As personagens tanto cativam quanto decepcionam, não por falta de estrutura na criação, de forma alguma, mas simplesmente pelos efeitos de suas personalidades sobre os outros. É possível que cada leitor assuma uma posição diferente a respeito dessas personagens e de seus atos.
Não há grandes surpresas ou momentos de tirar o fôlego; há, sim, um triste realismo. Ainda assim, o livro consegue ser interessante e prender a atenção, o que certamente vale uma boa e calma leitura, se for isso o que você procura.
Personagens +
André
Branca
Teobaldo
Leonília
Personagens -
D. Margarida
Teobaldo
Inês
Ernestina
Frases favoritas
“Visionário! Não se lembrava de que a bondade, à força de ser esquecida e desprezada, converteu-se em uma hipótese ou só aparece no mercado social em pequenas partículas distribuídas por milhares de criaturas; como se dessa heróica virtude houvesse apenas uma certa e determinada porção desde o começo do mundo e que, de então pra cá, à medida que se multiplicaram as raças, ela se fora dividindo e subdividindo até reduzir-se a pó.”
“Compreender o seu estado e não poder reagir contra ele; sentir escorregar-se para o abismo e não conseguir suster a queda; haverá maior desgraça e mais dolorosa tortura?”