Como podem dois sentimentos serem tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão parecidos?

São os dois extremos do ser humano.  O prazer, o desejo, a felicidade; a dor, a raiva, a tristeza.  Amor e ódio, na verdade, englobam muito mais do que apenas o bastante para um sentimento. Englobam emoções intensas; mas, em muitas vezes, esses sentimentos e emoções só se mostram intensos em algumas situações. Uma das diferenças entre esses dois é essa: é preciso mais para mostrar todo o potencial do amor do que o do ódio. É possível matar por amor, por exemplo, mas as emoções são controladas o bastante para tornar uma vontade dessa restrita à necessidade. Já com o ódio, não é difícil ter essa vontade e, por que não, satisfazê-la. Por isso o ódio é, em geral, mais descontrolado que o amor.

Mas a intensidade dos dois, quando posta a prova, é quase a mesma. O prazer de ver alguém que realmente se odeia sofrer é quase tão forte quanto a dor de ver alguém que se ama sofrer.

Por isso a tênue linha entre os dois; por isso a proximidade. Esses são os dois sentimentos que reduzem o ser humano ao instinto, que o reduzem a emoções, sem lógica ou racíocinio. Esses são os sentimentos mais humanos que existem.