A História do Ladrão de Corpos
A História do Ladrão de Corpos é o quarto livro das Crônicas Vampirescas, a série escrita por Anne Rice.
Aqui ocorre uma aventura contemporânea, diferente dos outros três livros anteriores. Não viajamos em memórias para duzentos ou seis mil anos atrás; tudo acontece no mundo do começo da década de 1990. E, se o leitor se perguntar se isso pode fazer a história perder o encanto, deve saber que não poderia estar mais enganado.
Lestat de Liouncourt, o vampiro louro e poderoso tão bem apresentado nos outros livros, se vê diante de uma grande proposta: um homem mortal quer trocar de corpo com ele. Esse homem, chamado Raglan James, é um ladrão de corpos, tendo o poder para expulsar a alma de uma pessoa e se apossar de seu corpo – mas não consegue fazer isso com os imortais. Ele quer, então, fazer a troca com o vampiro, para dar aos dois oportunidades que não teriam de outra forma. Monsieur de Liouncourt poderia, então, ser mortal outra vez.
É fácil de entender a atração que essa proposta traz à Lestat. Como seria sentir o mesmo que sentia há mais de duzentos anos? O que seria se sentir vivo outra vez? O que seria ver o sol novamente?
Esse livro traz intensas emoções ao leitor, e das mais variadas. É o livro mais engraçado até o momento, definitivamente, fazendo o leitor rir de repente das situações e falas mais incabíveis. Também é o livro onde os sentimentos do leitor pelos personagens mais variam, de amor a ódio.
Uma coisa é recomendada ao ler esse livro: goste do Lestat. Ele é o centro de tudo. A história gira em torno dele quase tanto quanto em sua “autobiografia”, que foi o livro dois das Crônicas, “O Vampiro Lestat”. E, se você não gosta de sua impulsividade, sua vaidade e seus atos inconsequentes, passará a maior parte do livro odiando o personagem principal. Mas isso não quer dizer que o livro se tornará ruim, não, de jeito nenhum. A história te prenderá da mesma forma. Ainda existirá um Ladrão de Corpos, ainda existirá um Louis e um David, e, mesmo que tentasse, Lestat não conseguiria apagar o brilho dos outros personagens; sejam eles bons ou ruins. Ele pode talvez ofuscá-los, sim, tem o poder para isso, mas não apagá-los.
O clímax do livro é bem intenso, e grandes surpresas ocorrem em alguns momentos. Ele não é lento em parte alguma, tendo ação quase o tempo todo, desde a caçada que Lestat faz no começo até o acontecimento inesperado das últimas páginas.
E os devaneios filosóficos dos personagens não deixam a desejar, fazendo o leitor meditar e refletir mais do que ele esperaria com um livro desse estilo.
A História do Ladrão de Corpos, posso afirmar, é, em minha opinião, o melhor livro das Crônicas Vampirescas até o momento. E, por mais que os atos de alguns personagens decepcionem muito, é o livro onde se é possível amar ou odiar cada vampiro e mortal com mais intensidade do que nunca.
E é uma bela recomendação da que vos escreve. ;)
Personagens +
Lestat de Liouncourt
David Talbot
Louis de Ponte du Lac
Mojo
Gretchen
Personagens –
Raglan James
Cláudia
Frases favoritas
“E ali, nos quadros onde apareciam ricas roupas e objetos de valor, cintilava a prova inegável de que os seres humanos são completamente diferentes de qualquer outro animal do cosmo – são uma combinação preciosa de carne e chama imortal.”
— Lestat de Liouncourt, pg. 49
“Deus é o segredo oculto do universo”
— David Talbot, pg. 81
“Assim, estendemos a mão para o caos furioso, apanhamos alguma coisa pequena e brilhante e nos agarramos a ela, dizendo para nós mesmos que ela tem significado, que o mundo é bom, que não somos a encarnação do mal e que no fim iremos para casa.”
— Lestat de Liouncourt, pg. 172
“Nós somos a morte, ma chérie, a morte é a resposta final. (...) Não há mais perguntas depois disso.”
Lestat de Liouncourt, pg. 228